domingo, 13 de março de 2011

Para Melhor Compreender a Quaresma


Rev. Maurício Amazonas, ose (¬)

A Igreja sempre reservou os quarenta dias que antecedem a Semana Santa para pensar e meditar nos mistérios e propósitos de Deus em nos salvar. Este, portanto, é um tempo de quebrantamento pelo reconhecimento da nossa incapacidade diante do tão grande amor de Deus. É tempo de chamada ao arrependimento, conversão e santificação. Por isso que o jejum está presente. Ele é uma forma de melhor conhecer e dominar nossos apetites, procurando fazer com que nossa vontade esteja em sintonia com a vontade de Deus.

É por isso que os mais “carnais” faziam uma festa de despedida para entrar na Quaresma. Faziam um grande banquete com danças, bebidas e carnes. Era chamada a “festa da carne” ou Carnaval. Era uma festa que, a princípio, poderia ter sido ingênua e despretensiosa, apenas se fartar de carne para não sentir saudades dela durante o período da Quaresma.

O que marca o início da Quaresma é a Quarta-feira de Cinzas. Interessante notar que a Quarta-feira de Cinzas não existe por causa do Carnaval, mas o contrário. É preciso que se diga isso, pois muita gente pensa que a Quarta de Cinzas foi inventada para dar absolvição aos carnavalescos. Não era assim. Este dia existia para chamar o povo à Abertura da Quaresma. Como ainda havia algum respeito na sociedade para com as coisas da Igreja, brincava-se apenas até a terça-feira. Daí para frente, o jejum era respeitado e praticado.

Mas o que encontramos hoje na sociedade secularista? Nenhum respeito para com o Sagrado. Existem blocos desfilando em plena Quarta-feira de Cinzas e outros que desfilam ainda no sábado que antecede o Primeiro Domingo da Quaresma, como é o caso do Camburão, troça dos soldados da Polícia Militar, aqui em Recife, por exemplo. Agora estão falando numa semana complementar de Carnaval. Parece que o que impera neste século é o lucro e a luxúria. Saudades dos tempos em que o Carnaval eram os desfiles dos blocos líricos, coisa de família e de gente que gostava apenas de brincar...

Lamentavelmente ainda temos cristãos nominais que saem nos blocos e troças em plena Quaresma, tomando porres homéricos. É uma gente que se serve da Igreja apenas para realizar batizados, casamentos e enterros. Gente que só abre a Bíblia para guardar e procurar pequenos papéis de lembrança! Não sabem quem são e nem a Quem servem! Que o Espírito Santo possa trabalhar nesses corações e fazê-los convertidos de verdade.

Que possamos entender a cultura com seus aspectos positivos e negativos, sabendo examinar tudo e reter o bem. Que Deus possa nos usar como instrumentos na evangelização dos pagãos que foram batizados, mas continuam vivendo como pagãos. Que Deus tenha misericórdia de todos nós!  



Rev. Maurício Amazonas, ose é Presbítero na Diocese do Recife; Vigário Geral Diocesano, Pároco da Paróquia Anglicana Jardim das Oliveiras, no Arcediagado Centro, em Recife - PE